A chave para a evolução e liberdade
Autoconhecimento só desperta e liberta de verdade quando aplicada com um pensamento crítico de qualidade
Marcelo Tempesta, PhD
11/30/20258 min read


Um dos grandes males da humanidade – a ignorância.
George Bernard Shaw capturou a essência da estagnação com precisão ao dizer que "o progresso sem mudança é impossível, e quem não consegue mudar a própria mente não consegue mudar nada." Essa verdade ressoa através dos séculos, ecoada em obras que vão de tratados filosóficos a estudos modernos da mente humana, revelando um óbvio que a maior parte das pessoas teima em ignorar das mais variadas formas, pelos mais variados motivos.
Ignorar exige menos esforço, é mais rápido, dispensa o trabalho de reflexões e questionamentos de qualidade, dispensa o pensamento profundo – dispensa o pensar de verdade. E essa negligência, falta de humildade e desprezo por pensar de verdade se alastra como uma doença com cada vez mais intensidade, onde a paciência para processos é substituída pela ânsia por atalhos – onde a diligência por qualquer ato da vida não tem mais sentido, valor, significado... As pessoas não querem percorrer o caminho; querem o destino imediato. A maioria não quer se conectar e passar com qualidade pelos processos que nos proporcionam verdadeira evolução. Querem o “ter” sem o “ser” – querem a conquista sem o verdadeiro mérito... E você ainda pergunta os por quês de tantos vazios e crises existenciais?
Isto se tornou um dos grandes males da humanidade e é consequência de baixo grau de pensamento crítico – a falta de interesse e muito menos de paciência por quase nada que seja longo, demorado, pois na falta de conteúdo de qualidade interior, todo o conteúdo de fora vira tédio. Isso faz com que a pessoa se vicie em hiper estimulações, buscando cada vez mais degustar seus extremos pulando de distrações em distrações, em um eterno ciclo vicioso onde nada a sacia.
A maioria das pessoas sequer sabe lidar com o silêncio de sua própria presença – um minuto vira uma eternidade, pois seu vazio interior grita tão alto que ela não encontra paz, nada a satisfaz. Nem percebe que ela já se encontra em um estado de overdose que, de forma sorrateira e maquiavélica, suga a sua vida e propósitos, fortalecendo assim todo este ciclo em questão.
Como dizia Sêneca: “Nossos vícios engolem qualquer quantidade de tempo.” Por isso que de nada adianta mais tempo para quem não o usa com qualidade.
Mas este é um outro assunto... A reflexão que quero estimular neste momento é: Com que qualidade estamos cuidando da nossa mente? Cuidamos tão bem de tantas coisas que nos fazem mal e que não nos levam a lugar algum, a ponto de esquecer de cuidar e até maltratar o nosso bem mais precioso – a nossa mente. Justamente ela que comanda tudo e tem os poderes para nos levar muito mais longe... Ou nos fazer regredir, deteriorar...
Aquilo que controla a sua mente - controla a sua vida!
Compreenda que não há como agir diferente daquilo que domina a nossa mente. Por exemplo, do que adianta uma agenda e planejamentos perfeitos, se o que comanda a máquina de execução que é o nosso corpo não está bem!? Do que adianta a organização no papel sem a organização mental – sem cuidar do que acontece de forma consciente e inconsciente, e acaba regendo tanto nossos comportamentos? Desordem na mente – desordem na vida!
Sócrates, com seu método de questionamento incansável, via o cuidado da mente como o exame constante da vida: "Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida." Essa máxima nos provoca a refletir: negligenciar a mente é negligenciar a essência da existência, permitindo que suposições não questionadas nos mantenham presos a padrões que nos diminuem. O pensamento crítico, nesse contexto, é um ato de autocuidado profundo – ele nos obriga a confrontar ilusões internas, libertando-nos para um potencial imaginado, mas ainda não realizado. E afirmo: Elevar o nosso pensamento crítico é um ato de cuidado para nós mesmos e para o mundo ao nosso redor!
Então, por que negligenciamos, desprezamos, ignoramos tanto o cuidado da nossa mente, sendo ela o bem mais precioso que Deus nos deu!? Mente sã, vida sã! Mente em harmonia, vida em harmonia! Mente próspera, a prosperidade se manifesta em nós e, a partir de nós, a manifestamos para o mundo ao nosso redor.
Saiba que a mente é um forte elo entre os mundos físico, emocional e espiritual – um forte elo entre o nosso corpo e alma. E fortalecer este elo (esta conexão) é o que nos torna inteiros para construir e desfrutar com mais qualidade as experiências que desejamos em nossas vidas. É o que nos torna inteiros para tomar melhores decisões, fazer melhores escolhas, executar uma melhor gestão emocional e comportamental perante as oportunidades e desafios que a vida nos apresenta. Por isso, o mais eficaz e crucial ato para qualquer solução, cura verdadeira, melhoria e evolução – está no ato de cuidar da mente! Sêneca também dizia que “nada é mais poderoso do que aquele que domina a si mesmo.” E é isso que um melhor pensamento crítico nos permite fazer cada vez mais e melhor.
Platão, em sua teoria das formas, concebia a mente como o portal para o mundo ideal, onde o verdadeiro conhecimento reside além das sombras sensoriais: "O corpo é uma prisão para a alma; a mente é a chave para a liberdade." Então repito: Com que qualidade você está cuidando de sua mente!? Cuidar da mente é cuidar de nossa essência. É na mente que está todo o repertório para lidarmos com o que quer que seja. A forma como tratamos a nossa mente será a forma como ela nos tratará perante o todo e perante a tudo o que existe... Portanto, cuide! Elevar o pensamento crítico é cuidar! Escolha cuidar de si - se tratar bem para que todo o resto fique bem também.
Para finalizar, o mais importante! Uma provocação...
... um estímulo a mais para cuidarmos melhor da nossa mente em vez de ignorarmos este ato. Pois quem ignora, quem não cuida devidamente - está como refém, como escravo... E nem se dá conta disso... Não tem noção da condição alienante em que se encontra. Está vivendo como um animal domesticado, submisso, da forma que o impuseram a aceitar. Não tem consciência de que sua liberdade está comprometida e que não está exercendo seu verdadeiro poder de escolha. E a pior das prisões é justamente aquela que a gente não enxerga.
Epicteto, o escravo estoico que conquistou liberdade interior, nos alerta: "Não são as coisas que nos escravizam, mas nossas opiniões sobre elas." Essa distinção nos provoca a refletir: negligenciar a mente é entregar-se a opiniões não examinadas, tornando-nos reféns de automatismos que ditam nossas reações – uma escravidão sutil, onde o carcereiro é nossa própria inércia. O pensamento crítico, como ferramenta atemporal, nos capacita a discernir o controlável do incontrolável, quebrando correntes invisíveis e restaurando a consciência para uma liberdade autêntica.
E como saber se estamos agindo por livre e autêntica escolha, feita por nossa real intenção, com objetivos definidos por nós e não definido por outros? Como saber se estamos no ritmo hipnótico, presos em ciclos viciosos e seus automatismos maléficos que tanto nos impedem de construir uma vida melhor?
A resposta, como vocês podem imaginar após tudo o que já foi compartilhado nas Reflexões Tempestando - é melhorando o nosso grau de pensamento crítico, uma vez que a maioria se encontra no estágio de pensador irreflexivo, que é o mais baixo grau. É o estágio onde a pessoa acha que pensa, mas está longe de ser dona de seus próprios pensamentos, está longe de pensar de verdade. E é justamente por estar neste estágio de baixo grau que a maioria escolhe ignorar tudo isso que eu estou falando, por exemplo, e tantos outros óbvios transformadores de vida... E só o fato de nos conscientizarmos que isso está acontecendo, já é um primeiro despertar... uma primeira conquista.
Marco Aurélio, em suas Meditações, enfatizava o autoexame diário como antídoto à ilusão: "Examine suas ações como se fosse outro homem, para ver se são justas ou injustas." Essa prática nos provoca a refletir: ciclos viciosos surgem quando intenções externas ditam nossas ações, mas o pensamento crítico nos permite esse exame imparcial, distinguindo o autêntico do imposto, despertando a consciência que rompe o automatismo e inicia a conquista da liberdade interior.
E lembre-se: quem nada faz (ignora) é escravo do nada que faz. Pois ignorar fatos não nos ausenta de ter que lidar com as consequências de ignorá-los. Portanto - escolha afiar a sua mente e ouse pensar de verdade!
Vida é movimento!
Todo ser vivo precisa fazer a sua energia e essência fluir... Então, que uma de nossas buscas seja nos colocar em movimento e, outra - seja a busca pela verdadeira liberdade!
Então, voltando aos questionamentos anteriores: Como saber se estamos realmente fazendo nossas próprias escolhas ou se estamos dançando conforme as músicas impostas por outros? Como saber se estamos no comando, se estamos como autores e protagonistas de nossa própria história ou se são outros que estão ditando o rumo de nossas vidas?
Cito 2 grandes pensadores para juntos refletirmos a respeito:
Nietzsche dizia que os seres humanos se dividem em 2 grupos, escravos e livres. Se 2/3 do seu tempo você vive para si, você é livre. Mas, se 2/3 do seu tempo você vive a partir da vontade dos outros, você é escravo. Já Sêneca, também dividiu os seres humanos em 2 grupos: Aqueles que seguem em frente e fazem alguma coisa, e os que vão atrás a criticar.
Agora sugiro para que juntem estes dois pensamentos e façam uma autoavaliação. É um belo começo para sabermos em que grupo cada um de nós está neste exato momento. Independente da resposta que encontrarmos, o grande segredo, como dizia Chaplin, é que cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre. Temos que nos livrar da inflexibilidade e da preguiça mental que se intensifica a cada dia, fortalecendo cada vez mais nossos ciclos viciosos.
Pensar de verdade é entusiasmante e libertador. Portanto, reforço: junte as duas frases que mencionei, identifique em qual categoria está no momento (e não se iluda/autoengane sobre isso), e escolha qual caminho você quer percorrer a partir de agora. Lembre-se que uma jornada de mil milhas começa com um primeiro passo. Não basta apenas conhecer o caminho – é preciso percorrê-lo! E é isso que um melhor pensamento crítico te ajuda a fazer com cada vez melhor qualidade.
Napoleon Hill, em sua exploração para desvendar os melhores caminhos para o sucesso e prosperidade, via o desejo ardente como o fogo que derrete as correntes que nos limita: "O desejo é o ponto de partida de toda realização, não uma esperança, não um desejo, mas um desejo ardente que transcende tudo." Essa visão nos estimula a refletir: a “preguiça mental” nos divide em escravos da inação, criticando sem criar – mas o pensamento crítico inflama esse desejo ardente, nos permitindo fazer uma melhor gestão de significados para melhores tomadas de decisões, escolhas e condutas. Ou seja, nos empodera para atribuir significados de melhor qualidade e fazer uma melhor gestão emocional e comportamental – crucial para a melhoria e evolução de qualquer área e aspecto da vida que se queira considerar.
Dito tudo isso - como você tem cuidado de sua própria mente?
Marcelo Tempesta, PhD


